domingo, 12 de abril de 2020

Uma montanha-russa chamada "escrever um livro"

Assim de repente, escrever um livro pode parecer uma coisa fácil. Se for apenas um hobby, se mais ninguém o ler, sim, até é fácil. O que é que interessa se tem erros gramaticais ou sintácticos? Quem é que quer saber se é semelhante a outra história já existente? Quem raio se importa se não tem lógica, se é confuso e repleto de incoerências? Se ninguém vai ler, isso é irrelevante. No one cares.
Mas, no momento em que nos apercebemos que o nosso humilde manuscrito até tem pernas para andar, preparem-se para a montanha-russa de  contentamento, dúvidas, ansiedade, insegurança... e a lista continua.

A partir do momento em que comecei a levar a minha história a sério, corrigi tudo, do início ao fim, sem misericórdia. Fiz uma correcção não só a nível gramatical e sintáctico, como também a nível do enredo, personagens, diálogos, etc. Queria que a história fizesse sentido e que não tivesse incoerências. 

Recorri a um dicionário da Língua Portuguesa online (que se tornou o site mais visitado no meu navegador), e a um dicionário de sinónimos (porque percebi que era muito repetitiva nas expressões que usava). Porque se há coisa que me irrita é ver erros em livros e escritores obcecados por uma expressão específica. Sou muito picuinhas com isso.
Sempre que queria escrever algo factual, tinha de pesquisar, pois não queria estar a inventar e induzir os leitores em erro. Um exemplo: quantos shot's de vodka são precisos para embebedar uma pessoa? (agora ficam vocês a pensar "mas que raio de livro andou esta a escrever?").

Regularmente, instalava-se em mim o receio de estar a plagiar outra obra, livro ou filme. Isso não passava de macaquinhos na minha cabeça, mas eu fartei-me de procurar livros e filmes da mesma temática da minha história, e, na verdade, dentro do tema em questão, existe muita coisa, mas nada demasiado similar.

Depois veio a insegurança. Será que a minha escrita é boa? Será que a minha história é interessante? Será que alguém a quererá ler? Será que a minha história não é apenas "mais do mesmo"? Já dizia um sábio rei da antiguidade: «De se fazerem livros não há fim.» Eu queria escrever algo original, que cativasse o leitor, que tocasse o seu coração. Sinto que coloquei grande parte de mim no que escrevi, tentando criar personagens, cenários e sentimentos realistas, com os quais os leitores se pudessem identificar. Como é óbvio, quem ler o meu futuro livro, vai encontrar clichés. Por muito que tente contrariar isso, os clichés são inevitáveis. Mas talvez seja isso que ajuda os leitores a criarem alguma ligação com as personagens e com o seu percurso durante a história. Porque, no fundo, quem é que não quer ler uma história trágica de amor? (No spoilers)

Ah, e ainda não abordei o meu maior inimigo no processo da escrita: a falta de inspiração. Imaginar a história é canja, há sete anos que tenho a história praticamente toda dentro da minha cabecinha, mas colocá-la por escrito é um autêntico suplício. É muito giro sonhar acordada, parece algo saído de um filme, digno de um Óscar, mas quando chega a hora de escrever... puff. Não sai nada. Acontecia-me constantemente ficar uma hora a olhar para o computador e escrever meia dúzia de palavras. No entanto, também tinha fases que, quando a inspiração batia forte, escrevia umas dez mil palavras de uma assentada. Admito que, como escritora, sou de extremos. Durante estes sete anos que levei a escrever o livro, estive entre dois a três sem escrever praticamente nada, enquanto neste último ano escrevi mais de metade da história. 


Mas mesmo quando escrevia muito, desengane-se quem pensa que saía tudo perfeito. Havia momentos em que escrevia e escrevia e escrevia, e no momento pensava "que obra de arte! eu sou a maior...", e no dia seguinte quando relia o que tinha escrito, percebia que era tudo um monte de tretas e reescrevia tudo de novo. Acho que mesmo depois de tudo isto e de estar completo, continuo a pensar que podia estar melhor, mas agora já é tarde.

No fim desta divagação toda, quero concluir com este pensamento: escrever é libertador. Pode não parecer, depois de tudo o que eu disse, mas acreditem em mim. Pessoalmente, a escrita ajuda-me a colocar alguma ordem nos meus pensamentos e sentimentos. E é isto.

(P.S.: Talvez da próxima vez faça um post com a sinopse do meu livro. Talvez. Não sei se estarão interessados.)

segunda-feira, 9 de março de 2020

Querem saber um segredo?

Admitam, vocês só abriram este link por causa do título, não foi? Não há como negar que é algo intrínseco no ser humano ter esta curiosidade, e por muito sensatos que sejamos, gostamos de saber o que escondem as pessoas que nos rodeiam. 
Ora bem, sob esta premissa, vou revelar-vos algo sobre a minha humilde e modesta pessoa, que poucos sabem. É um segredo devastador, que vai mudar completamente a maneira como vocês me vêem. 
Rufos de tambores, por favor... 
Vou publicar um livro (desta não estavam vocês à espera, seus abelhudos). 
Bem, eu vou explicar melhor. Preparem-se para ficarem entediados.
Desde que me conheço que tenho uma imaginação hiperactiva. Há cerca de sete anos atrás, comecei a escrever uma história que se tornou um dos desafios mais empolgantes da minha vida. Começou como um simples passatempo, pois, como sabem, eu gosto muito de escrever, mas, com o desenvolvimento da história, comecei a notar que, às tantas, até tinha algum potencial. O meu objectivo nunca foi tornar-me numa escritora de renome ou ganhar uma fortuna, mas sim dar a conhecer ao mundo esta história que tantas emoções tem despertado em mim. Infelizmente, trabalho a tempo inteiro numa profissão que nunca desejei, por isso, nos últimos tempos tenho tido muito poucas chances para me dedicar mais à minha história, e, para piorar, tenho enfrentado um writer's block (bloqueio criativo). Tive várias fases assim ao longo destes sete anos, mas posso dizer que o último ano foi bastante productivo.
Tão productivo que terminei a minha história em Janeiro deste ano. 
Antes disso, e por pura curiosidade, enviei o meu Original para várias editoras, e duas aceitaram publicá-lo. Acabei por decidir avançar com a primeira que mostrou interesse (por várias razões que não são pertinentes para o caso), e neste momento a minha obra está em fase de revisão. Não posso precisar quanto tempo vai levar, pois é uma história um pouco longa, mas isso também não me importa. 
Estou muito feliz por ter conseguido concretizar este sonho e quis partilhar convosco esta novidade. 
Nunca pensei conseguir terminar este projecto, tendo em conta a vida ocupada que tenho, mas sinto-me orgulhosa de mim própria por não ter desistido disto. 
Por enquanto, ainda não tenho novidades sobre o livro, mas quando tiver, aviso. Stay tuned. 

Com amor, 
Sara Marques 

terça-feira, 3 de março de 2020

Avó

Eu não gosto de chorar em público. Nem gosto de expor as minhas fragilidades. Tento sempre manter uma fachada alegre, optimista, à "prova de bala". Há quem me considere insensível e apática. Não sou, aliás, estou muito longe de o ser. Sou até bastante sensível, e vivi toda a minha vida a tentar evitar as lágrimas porque elas caíam com demasiada facilidade. Talvez seja por isso que hoje sou mais forte. Mas isso agora não importa.
Quero falar sobre a minha avó. A mulher que me criou e que partiu há pouco mais de um ano. Uma mulher que me ensinou como ser paciente com o marido, mesmo quando ele era um desastre como tal; como manter a alegria perante variadas situações difíceis; como ser optimista e resiliente quando a saúde física não é ideal; ensinou-me a ser bondosa num mundo frio e cruel; ensinou-me a fazer contas durante todo o ensino primário.
A minha avó sempre teve uma visão extremamente fraca, e para o fim da sua vida estava praticamente cega, mas nunca deixou que os seus olhos inúteis a limitassem. Cozinhava para mim, sempre guiada pelas suas mãos, e ainda hoje estou para saber como é que o frango guizado com esparguete ficava tão bom; limpava o chão de gatas, felizmente a casa era pequenina; arrumava a sua roupa toda por ordem e vestia-se sempre bem, mesmo sem ver as cores; era única pessoa que tinha jeito para me pentear, aproveitava eu estar distraída com a TV para passar as escova de forma delicada pelo meu cabelo emaranhado; no verão, quando eu não tinha companhia, ia comigo à praia e ficava sentada na toalha simplesmente a apreciar o calor do sol e som das ondas a rebentar na areia. 
Amava que eu lhe lesse a Bíblia e pedia-me para procurar os seus textos favoritos. Sempre gostou que lhe lesse o texto diário e estudasse a Sentinela com ela. O último texto bíblico que lhe li, antes dela perder total consciência do que a rodeava, foi Isaías 46:4, que diz: "Até à vossa velhice, eu serei o mesmo; Até os vossos cabelos ficarem brancos, continuarei a sustentar-vos. Assim como tenho feito, irei carregar-vos, sustentar-vos e salvar-vos."
Quando eu a levava a algum lugar a pé, eu irritava-me com ela porque andava muito devagar e tropeçava com facilidade. Agarrava-se com força ao meu braço para se amparar e eu acabava com o braço dormente. Hoje gostava de voltar a sair à rua com ela. Até a levaria ao colo se fosse necessário.
Apesar dos seus olhos não funcionarem, ela via o mundo com um optimismo vibrante e contagiante, e ansiava por um futuro melhor. Hoje também eu aguardo por esse futuro.
Era uma mulher que toda a gente recorda com carinho e saudade, alguém que esteve sempre presente e não se esquecia de ninguém. Conhecia as pessoas pela voz e pelas mãos. Por vezes, nem precisavam de lhe dizer nada, bastava um gesto típico e ela reconhecia-os de imediato. 
Generosa e por vezes um pouco ingénua, mas isso pouco importa, pois o seu coração era do tamanho do mundo. Tinha apenas uma filha e uma neta, mas ganhou muitos netos, netas, filhos e filhas.
Quando morreu, admito que não consegui demonstrar o que verdadeiramente sentia. Estive dois dias meio dormente, até ouvir a cerimónia fúnebre e ver os meus amigos e familiares a chorarem, e perceber o quanto a minha avó era apreciada por todos. 

Alguns dias depois do seu funeral, quando estava em casa a realizar uma tarefa banal, começou a tocar uma música que me fez pensar na minha avó... 

"I hope you know that you're my home,
but now I'm lost, so lost
I'm gonna carry your bones
I'm gonna carry them all
I'm gonna carry you home
I'm gonna bury these bones
I'm gonna write it in stone
that you were my home, my home..."
- Brighton, "Forest Fire"

Nesse momento, chorei pela minha avó. Chorei ao perceber que não voltaria a ouvir a sua voz e a sua gargalhada, a ver o seu sorriso e a sua boa disposição. Não voltaria a ouvir as suas histórias de vida, que achava aborrecidas quando era mais nova, e agora ouvi-las-ia com todo o gosto. 
Foi uma amiga à qual eu não dei o devido valor, e talvez não lhe tenha dito o quanto ela significava para mim. Tentei dar o meu melhor quando ela mais precisou, mas talvez pudesse ter feito mais. 
Já nada disto importa, pois ela não me pode ouvir, mas no futuro, hei-de compensá-la. 
Tudo isto são os pensamentos que não consigo exteriorizar, e que levei um ano a digerir. Aqui está o meu coração aberto. 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O que é que se come aqui? As sugestões da Chef Sara (#1)

Tradução: "A previsão para esta noite é 0%
de probabilidade de eu cozinhar." 
Eu gosto muito de cozinhar, mas sou muito preguiçosa para o fazer. Costumo guardar receitas de refeições todas elaboradas, mas quando chego ao momento de as pôr em prática, dá-me uma moleza e acabo por cozinhar o prato mais simples que conheço: bifes grelhados com massa ou arroz (eu prefiro massa, o David prefere arroz). Também tenho de dar crédito ao meu marido, que me ajuda muito na cozinha.
Mas, uma vez de longe a longe, dá-me um chilique e cozinho assim umas cenas bué gourmet (só que não).
Vou começar a partilhar convosco algumas das minhas receitas. Aviso já que não são originais, eu costumo procurar ideias na Internet e depois dou o meu toque.
Hoje vou partilhar convosco o meu espectacular (modéstia à parte) frango teriyaki. Comemos uma vez num restaurante chinês e ficámos fãs, por isso aprendi a receita e comecei a fazer em casa. Basicamente, é frango com molho agridoce.

Ingredientes
- Peitos de frango (cortados em pedaços tipo strogonoff)
- Açúcar mascavado (podem utilizar mel, mas pessoalmente prefiro o açúcar) 
- Molho de soja
- Vinagre de sidra
- Alho em pó
- Sal

A carne é frita com margarina ou azeite, temperada com sal e alho. Quando estiver cozinhada, começa-se a fazer o molho teriyaki (na mesma frigideira em que se faz a carne). Eu ponho tudo a olho: o açúcar, o molho de soja e o vinagre. Mistura-se tudo, mexe-se bem, deixa-se ferver, para que o açúcar também derreta por completo. O segredo é ir provando o molho e equilibrar os sabores. Não o queremos nem muito salgado, nem muito doce, nem muito ácido. O equilíbrio é o mais importante.
Depois, é servido com o que vocês quiserem, massa, arroz ou legumes.
Et voilá! É mais ou menos isto. Se tiverem alguma dúvida, não hesitem em deixar as vossas perguntas nos comentários ali em baixo.

Bon apéttit! 


quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Playlist do momento (#1)

Como sabem, eu sou completamente viciada em música. E apesar de ouvir de tudo um pouco, quando descubro uma música pela primeira e gosto dela, ouço-a até à exaustão. Vou partilhar convosco as músicas que ando a ouvir no momento.

Fall Out Boy - The Phoenix
Os FOB são uma banda que eu acompanho desde os meus 14 anos. Ainda hoje deliro com as suas músicas, porque têm um estilo um pouco alternativo, numa mistura de pop, rock e punk, e parece que nos transporta para um filme cheio de acção e aventura. Quando escrevo, inspiro-me muito em músicas. Esta e outras músicas dos FOB são como catalisadores no meu processo da escrita.

I Was The Lion - Never Take Me Alive
Descobri esta música a semana passada graças ao maravilhoso Spotify. Esta música também tem sido óptima para me inspirar.
A letra não tem muito que se lhe diga, o título fala por si, mas a melodia especificamente, é brutal. Parece mesmo saída de um filme de acção.

Kodaline - Head Held High
Descobri os Kodaline o ano passado e amei. As melodias são espectaculares e as letras têm sempre muito significado. Esta música em particular é super animada e positiva. Fala sobre às vezes a nossa vida não ser o que esperávamos e sentirmo-nos desanimados porque nem sempre as coisas correm como nós gostávamos, mas dá-nos o incentivo a ver o lado positivo da coisa e a termos esperança, não importam os obstáculos que nos apareçam pela frente. O importante é, como diz o refrão, manter a cabeça erguida.

Sintam-se à vontade para deixarem as vossas sugestões de músicas que vos inspiram ou que simplesmente gostam nos comentários. (ali mais abaixo da página, estão a ver? Diz "enviar comentário". Não sejam tímidos, eu não vos mordo. Muito.)

Beijoquinhas, minhas coisas mais lindas.
Sara Marques 


segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Um flagelo chamado próteses dentárias

Sim, vamos falar de próteses dentárias, não leram mal. Eu sei que é um tema um tanto ou quanto estranho e imprevisível, mas é algo que precisa de ser exposto ao mundo. Isto porque tenho ouvido tantas histórias alucinantes sobre as infames "placas" (o street name das próteses) que eu cheguei à conclusão que há algo de errado com elas. Parecem invenção do "demo". Vou então partilhar convosco três histórias verídicas e inacreditáveis envolvendo placas. Aviso desde já quem tem estômago sensível, leiam com cautela.

***

«Prótese em Fuga»

Era hora de almoço e chovia a potes. Uma senhora e a sua mãe idosa iam almoçar a um restaurante de fast-food, mas, infelizmente, não tinham chapéu de chuva. As duas adoráveis senhoras correram rua afora conforme as suas pernocas deixavam, até que a certa altura, a pobre idosa espirrou e pumbas, lá sai a prótese disparada da sua boca, a qual derrapa no pavimento de alcatrão uns bons metros. A senhora sua filha, já toda enervada com aquela situação toda, apanha a prótese, dá-lhe uma sopradela e volta a enfiá-la na boca da mãe, aplicando assim a "regra dos cinco segundos". É como diz o velho ditado popular, "em tempo de guerra, não se limpam armas". Felizmente, a prótese não sofreu um único arranhão e a sua proprietária foi lavá-la decentemente assim que lhe foi possível. Tudo acabou em bem.


«Sorriso Canino»

Era uma vez uma senhora que usava prótese dentária. Um dia como todos os outros, sentou-se no sofá a descansar um pouco, até que a prótese começou a causar-lhe algum desconforto. Então, a senhora decidiu retirá-la da boca e colocou-a em cima de uma mesinha de apoio ao lado do sofá, porque lhe deu a preguiça de se levantar e ir guardá-la na casa de banho. A certa altura, a senhora começou a ouvir a sua cadelinha a roer algo, mas não deu muita importância. Até que começou a pensar que não tinha dado nenhum osso à cadela, então decidiu ir ver o que a bichinha estava a roer. Quando deu com ela, a cadela tinha a prótese da dona na boca, e por coincidência ficou tão bem colocada que os dentes pareciam pertencer ao pobre animal. E novamente, a prótese sobreviveu e a sua proprietária continua a usá-la. Quem diriam que as próteses são tão resistentes, hã?
Esta história fez-me lembrar deste anúncio
da Pedigree.


«Desaparecido em Combate»

Uma senhora muito gulosa estava a comer um pastel de nata, até que um dos dentes da sua prótese se descolou e ela acabou por engoli-lo. A senhora ficou escandalizada por perder o seu dente assim, mas não se deixou vencer assim tão facilmente. Nos dias seguintes, sempre que tinha de fazer as suas necessidades sólidas, forrava o bidé com um plástico, fazia ali as suas necessidades e, com a ajuda de um pauzinho, lá ia ela em busca do dente perdido, qual paleontóloga à procura de ossos de dinossauro. Passado um ou dois dias, finalmente a senhora lá deu com o dente. O que é que ela fez? Desinfectou-o muito bem, e levou-o ao dentista para que ele voltasse a colá-lo na prótese. E até aos dias de hoje, o dente ainda lá está branquinho, são e salvo.

FIM.

***

Espero que tenham gostado destas historietas e que se tenham rido tanto a ler como eu a escrever. Até me dói as bochechas.

Beijocas, minhas coisas mais lindas.
Sara Marques

Pelos vistos, até no Brasil sofrem com este flagelo.

sábado, 26 de janeiro de 2019

Só comigo (#2)

Corria o ano de 2005. A jovem Sara, então com 12 anos, correu para o cinema em Peniche (sim, Peniche chegou a ter uma sala de cinema. Bons velhos tempos) para assistir ao filme "Batman - O Início". Como podem notar, o meu fascínio por super-heróis já vem de há muitos anos. Na verdade, tudo começou pelo X-Men e o Homem Aranha, mas acabei por ficar fã do Batman também (apesar de pertencer a outra "equipa", se é que me entendem).
Gostei imenso do filme, da personagem de Bruce Wayne, do seu alter ego de super-herói, da cidade de Gotham, que tinha tanto de sinistra como de fascinante... Gostei tanto que fiquei com uma vontade doida de a visitar um dia. Pois... já estão a ver a cena, não é? Mas esperem, o melhor está por vir. Não sei se foi a inocência dos meus 12 anos, ou se foi pura ignorância, mas depois de ver o filme, voltei para casa, e a primeira coisa que fui fazer foi procurar a cidade de Gotham num atlas (isto porque, no meu tempo, nem toda a gente tinha internet em casa. Eu era uma dessas pessoas. Sempre que quisesse pesquisar algum assunto, tinha de recorrer a enciclopédias). Repetição para ênfase: eu procurei Gotham num atlas. Corri o mapa dos Estudos Unidos (óbvio) de uma ponta à outra e ainda fui ao índice, e nada. Como devem calcular, foi uma grande desilusão descobrir que Gotham era uma cidade fictícia. Fiquei com um trauma para o resto da vida.
E é isto. Eu era mesmo retardada.

Boa noite, minhas coisinhas lindas
Sara Marques

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Sara's Mixtape #2

"We grow up,
Never grow old..."
- Paramore, Grow Up

"I'm bulletproof, nothing to lose
Fire away, fire away
Ricochet, you take your aim
Fire away, fire away,
You shoot me down, but I won't fall
I am titanium..."
- David Ghetta ft. Sia, Titanium

"You are an artist
Your heart is your masterpiece..."
- Sleeping At Last, I'll Keep You Safe

"Even the darkest night will end
And the sun will rise..."
- Les Misérables Soundtrack, Epilogue


segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Desfile de moda inverno penicheiro

Boa noite, minhas coisinhas mais lindas e fofas! Espero que tenham sobrevivido a esta segunda-feira gelada. E por falar em frio de morte, hoje o pessoal teve de se agasalhar bem, certo? Errado! Não sei o que deu às garotas aqui da terra, o frio deve ter-lhes congelado os neurónios de tal forma que nem conseguiram decidir conscientemente o que vestir para enfrentar este tempo glacial.
Ora bem, o que é que sucede... ia eu com a minha querida amiga, a Miss Light Rock (entendedores entenderão), na rua, as duas todas enchouriçadas com camisolas de lã, casacos para neve, cachecóis e gorros, ela toda entusiasmada porque tinha vestido dois pares de collants, porque é uma friorenta do pior, quando, de repente, passa por nós uma cachopa de calçãozinho quase a ver-se as bimbocas, e um topezinho de alças a mostrar o "imbigo". Eu não estou a inventar! Isto é a pura das verdades, meus caros leitores. Nós até nos voltámos para trás e ficámos embasbacadas a olhar para a miúda.
Mas o desfile das mal-vestidas não ficou por aqui. Mais adiante, deparamo-nos com outra cachopa, desta feita vestida com um daqueles pijama-macacão muito in, com o feitio de um unicórnio, com chifre incluído no carapuço e tudo. E por cima, para completar a fatiota toda fashion, um blusão de cabedal.
E pensavam que ficava por aqui? Há mais! Ao fim da tarde, voltámos a deparar-nos com  outra moça, a sair de um estabelecimento público, de pijaminha e chinelo de quarto! Mas como estava um friozinho muito agradável, também esta vestiu um blusão de cabedal, o que dá um style de fazer inveja às inimigas.
Não sei o que se passa com a juventude de hoje, se isto de andar em pijama na rua agora é moda ou quê, porque no meu tempo na havia nada disto. Eu devo estar muito desatualizada nesta área, só pode. Alguém me sabe explicar o que se passa???
E prontos, é isto. Peniche está muito à frente no que toca a moda de inverno.

Durmam bem e bons sonhos, criaturas.
Com amor, 
Sara Marques

Trad.: "Chama-se moda, Brenda, vai pesquisar".
Pois, talvez seja eu que estou ainda a viver na era dos afonsinhos.
Tenho de me actualizar com as modas.
Mas acho que o que faltava ver hoje eram realmente umas Croc's.
E com meiinha por baixo para complementar ali a coisa.



sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Dicionário de expressões penicheiras

Hoje vou mostrar-vos algo diferente. Em 2017, iniciei o "projecto" de compilar palavras e/ou expressões ditas e ouvidas aqui na santa terrinha. Com a ajuda de vários amigos penicheiros de gema, e da minha experiência no terreno, o dicionário está a compor-se.

Almerroides ou almorródias - hemorróidas 

Atenção artificial - tensão arterial 
Alservar - observar
Análses - análises 
Antóinhe - António 
Antesdonte - anteontem
Assentar - sentar
Alimbrar - lembrar
Arrequelher - recolher
Álcare - álcool
Atanaz - tenaz
Adonde - onde
Auga - água
Arrexada - pancada
Atão - então 
Beráque - buraco
Bica bunato de soda - bicarbonato de sódio
Buída - bebida
Budêra - bebedeira
Basilca - vesícula 
Bombêre - bombeiro
Cadinhe - bocadinho
Cambra - câmara
Cásê - cá sei (sei lá/não sei)
Coida - côdea 
Companhêre - companheiro
Cáminéte - camioneta
Carapintêre - carpinteiro 
Casque - casco
Castrol - colesterol 
Cérve - cérebro 
Chê - cheio 
Chenéles - chinelos
Chora - autocarro urbano
Cerimoina - cerimónia
Ciclóine - tempestade
Chamusca - chamuça
Chóriçe - chouriço 
Crosca - crosta
Cólidade - qualidade
Côsa má linda - coisa mais linda
Décandas - onde é que andas?
Dendesde - desde
Derriade dos rinzes - dores nos rins
Dores na percical - dores na cervical 
Dejante - desejante ou desejoso
Desforço - esforço 
Deslargar - largar
Descadas ou escaides - escadas
Desmagrecer - emagrecer 
Desquecer - esquecer
Dexistir - existir 
Empaxar - estorvar
Enxemple - exemplo
Esbilico - anti-histamínico
Escandalosa - espondilose
Espinsóires - suspensórios
Esprites - espíritos
Estrume - estrondo
Esquersão - excursão 
Estrabedar - transbordar
Fê - feio
Fêra - feira
Ferruge - ferrugem
Fegarêre - fogareiro
Fezes - preocupações 
Fola - mar agitado
Fôtes - foste
Frivrifique ou figurino - frigorífico 
Gásól - gasóleo 
Górdenápe - guardanapo
Guemitar ou gómites - vomitar ou vómitos
Guelemices - gulodices 
Imblancia - ambulância 
Invinciado - viciado
Inzames - exames
Ingueniade - agoniado
Imen ou nimed - INEM
Hóme - homem
Jête - jeito
Jêtera - jeiteira (não tem jeiteira ou jeito) 
Jintar - jantar 
Jule - Júlio 
Lâra ou larota - sujidade
Lápes - lápis
Líder ou lidél - lidl
Licotes ou licótére - helicóptero
Lête - leite
Lonjura - muito longe
Mantêga - manteiga
Machinha - mão cheiinha
Mêdês - meu Deus
Menicade - comunicado
Melhér - mulher
Melhade - molhado 
Menza - mesa
Mê - meu ou meio (depende do contexto)
Mercar - ir à praça  (mercado municipal)
Migue - amigo
Nassê - não sei
Nalgas - nádegas
Nerves - nervos 
Nha - minha
Nine - menino
Ómessar / ómosse - almoçar / almoço 
Ómidade - humidade
Ódespois ou ópois - depois
Óliques - óculos 
Oltóquelante - autocolante 
Opuração - operação 
Ócsagéne - oxigénio
Penichêre - penicheiro
Perdute - produto 
Permnia - pneumonia
Pertante - portanto
Pêxe - peixe
Piconés - piones
Pinselina - penicilina
Piqueninine - pequenino
Pirum - peru
Plástica - plasma (tv)
Pôquexinhe - pouquinho (muito pouco)
Poribide - proibido
Poster - posto/canal televisivo
Preciosas - persianas 
Prosta - próstata 
Prosta no joelhe - prótese no joelho 
Prontes ou prantes - pronto
Quêmáde - queimado
Quemer - comer
Quemigue - comigo
Quêje - queijo
Queláre - claro
Quertár - cortar
Queréde - credo
Quespir - cuspir
Questelas - costelas
Queração - coração 
Querrês - correios
Quéte - quieto
Rabeçáde - rebuçado 
Resiste - registo
Resvirar - revirar
Regide - ruído 
Sacreficse - crucifixo
Sarrapatel - barulho
Seingue - sangue 
Segáde - sossegado
Sepápe - chapada 
Serve da cabeça - cérebro
Serripar - sorripar (chuviscar)
Sisne - sismo
Sobejar - sobrar
Sóce - sócio 
Tavem - estavam
Tauba - tábua 
Telfenia - rádio
Tinturas - tonturas 
Tóine - António
Trambelhe - trambelho (não tem trambelho ou jeito) 
Travões - trovões 
Triquelações - articulações 
Trêne - treino
Tufenar - telefonar
Vespra - vespa
Viétes - vieste
Zimbora  - vamos embora
Vitaru ou Viter - Vítor



A célebre Nau das Corvos para terminar em beleza